Hoje mais uma vez um ato lamentável de racismo aconteceu e dessa vez no Twitter. Tudo começou quando o Coritiba parabenizou o Valencia por ter derrotado o Real Madrid pois com a derrota da equipe merengue os paranaenses mantém o recorde mundial de permanecerem o com maior número de vitórias(24) consecutivas em uma temporada, feito realizado em 2011 ainda sob o comando de Marcelo de Oliveira, atualmente no Cruzeiro.
O que poderia ser apenas uma brincadeira ou/e boa jogada de marketing da assessoria do time brasileiro sem mais polêmica. Infelizmente esse tweet foi respondido por alguns racistas como noticiou o jornal curitibano Gazeta do Povo (clique e leia).
Pois bem, revoltado, compartilhei a notícia e meu amigo galego Sergio Abeledo que já escreveu aqui no EsporteGrafia chamou-me a atenção dizendo que o espanhol utilizado nas ofensas não é comum em seu país mas sim na América Latina, seria a mesma coisa que se houvesse uma ofensa feita por um português e os brasileiros serem acusados. Fiquei inquieto com essa observação e resolvi investigar a origem dos racistas e de fato Sergio tinha razão, Não eram torcedores espanhóis mas sim, mexicanos que torcem para o Real Madrid.
Sem dúvidas há racismo na Espanha e em qualquer lugar do mundo mas vi muitas pessoas confundindo (inclusive eu) e transferindo sua justa revolta aos supostos espanhóis. Nesse trecho da reportagem da Gazeta do Povo ajuda ainda mais essa confusão: "A reação de parte da torcida espanhola à mensagem no Twitter teve tom preconceituoso. "Malditos macacos de merda. Vocês não deveriam jogar futebol, chimpanzés idiotas", publicou um espanhol." Com isso, involuntariamente maquia-se o preconceito que temos no continente americano lembro aqui o caso Tinga que sofreu racismo em uma partida válida pela Libertadores da América no Peru sem contar inúmeros tantos caso no Brasil.
Mas voltando a América Latina o racismo é tão forte quanto na Europa ou em qualquer parte do mundo. Na América Latina devemos considerar o ranço colonial que se perdura até hoje como herança da colonização ibérica e essas marcas estão presentes claramente em exemplos factuais como em estudarmos a história a partir do momento em que chegam os "detentores do poder" (colonizadores) com o discurso de desenvolvimento e civilidade, na origem da etimologia do continente América que já é uma invenção eurocêntrica de continente renegando assim inúmeras identidades que existiam assim como inúmeras línguas e seus povos que foram resumidos como indígenas assim como os conceitos de povo adiantados e atrasados, que são intensificados como pensamentos dominantes onde a Europa encontra-se a modernidade e na América, o atraso.
Vale ressaltar que na visão eurocêntrica, a ideia de mundo é concebida a cada região como uma parte de um desenvolvimento europeu pretérito, a partir de uma matriz de história europeia como se fosse de escala global, não se levando em conta outras realidades e no caso da América, desconsidera-se o fato de que foi um território atravessado, visto que os desenvolvimentos que sustentavam a Europa se faziam presentes no continente americano tendo como base, a exploração e extermínio de povos nativos e suas culturas, impondo seu idioma e sua cultura como superiores. De fato é algo para se pensar e relativizar pois o racismo está longe de ser exclusividade européia. Como podemos ler na imagem ao lado um dos racistas não satisfeito com seu infeliz comentário ainda ostenta como "troféu" a repercussão que ganhou no jornal Gazeta do Povo.
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