Os mais chegados sabem muito bem da minha predileção por programas esportivos, principalmente as mesas redondas que discutem o campeonato no final da rodada, no domingo à noite. Bom, esse modelo é consagrado historicamente: em 1963, na TV Rio, surgiu a primeira mesa redonda da televisão com um programa apresentado por Luiz Mendes, que se chamava "Grande Resenha Facit", do qual faziam parte os saudosos e geniais Nelson Rodrigues, João Saldanha e Armando Nogueira.
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Eu gosto mesmo dos embates, das baixarias, das visões peculiares e dos detalhes que cada pessoa acaba tendo sobre determinado lance, sobre determinada partida. Mas, confesso, o carro chefe, para mim, são as paixões incubadas dos comentaristas, que por vezes não podem declarar sua torcida por algum time e tentam compensar com defesas ferrenhas e comentários bondosos.
Embora essa paixão me acompanhe desde a infância, ela ficou abalada depois que descobri a "boca maldita". Esse lugar, independente do nome, não tem nada de sombrio. Muito pelo contrário, é honesto até demais. Ele é a entrada para a pequena arquibancada do Anchieta Futebol Clube, por isso que é carinhosamente chamado de boca. Nos dias de jogo, a estrutura de concreto fica abarrotada de velhos saudosistas do clube, cuja faixa etária varia de 65 a 90 anos.
Como eles viveram os áureos tempos do Anchieta, o prazer coletivo é contar as histórias das grandes conquistas, alguns fatos inusitados, relembrar os pomposos uniformes e, claro, sacanear e esnobar os atuais jogadores. Aquilo sim é uma verdadeira mesa redonda.
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