Passando por um dos bares mais antigos - e relés - de Olinda, primeiro bairro de Nilópolis, soube que ali fora a sede do Estrela de Ouro Football Club, lendário time amador do final dos anos 50.
Apadrinhada pela viúva mais jovem, bela e apossada da região, a equipe vencia quase todos os campeonatos dos quais participava. O título mais importante foi o campeonato da Baixada Fluminense, cuja final foi um clássico nilopolitano: Estrela de Ouro X Arranca Toco, time do Paiol, bairro vizinho.
A equipe chamava atenção tanto dentro quanto fora de campo, ou melhor, da várzea. Dentro de campo, a principal estrela era o goleiro "Coelinho" - também conhecido como Antônio Escobar, meu tio-avô. Todos garantiam sua semelhança física e técnica com o goleiro Gylmar, bicampeão mundial pela seleção brasileira. Ficou conhecido pelo apelido por ser o maior ladrão de alface do bairro, pulando as cercas das casas vizinhas. Aliás, pular cerca era uma de suas maiores habilidades: foi o maior namorador da história de Olinda.
Já fora de campo, as histórias eram muitas. Geralmente se passavam nos bailes que o clube promovia para arrecadar fundos. Entretanto, as mais homéricas eram por conta da esposa de Zizinho, centroavante do time. Às escondidas, todos os jogadores, inclusive a comissão técnica, se relacionavam com ela - e daí descobriram porque o seu marido fazia tantos gols de cabeça, piada da qual ele jamais desconfiara.
Foi uma pena que a história dos meninos do "amarelo-ouro nilopolitano" tenha durado tão pouco e tenha terminado de maneira tão trágica. Em um momento de confraternização pós-jogo, o caquético caminhão cedido por uma loja de material de construção ao Estrela de Ouro acabou atropelando a tal viúva, que chegava a ser madrinha do time.
Se não fosse o luto, o time iria longe.
(Crônica Baixadense)
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